O Clima em Exposição: História, Museus e Inovação em Turismo

Introdução

Esta formação tem o seu foco voltado para a análise da utilização de instituições museais nos circuitos turísticos, especificamente naqueles que se dedicam ao que se poderá começar a chamar “turismo climático”. De facto, as preocupações com o clima e com as suas alterações ao longo da História – especialmente as de origem antrópica – começam a poder ser percebidas nos discursos museológicos mais recentes, e podem ser vistas, com outras lentes, mesmo em museologia considerada “clássica”. Por outro lado, o turismo que busca temáticas relacionadas com o clima ancora-se não apenas em fenómenos “naturais” observáveis “ao vivo”, como também na musealização/interpretação desses fenómenos. A evolução climática, e as suas oscilações, está presente em muitos discursos museológicos mesmo que por vezes com perspectivas diferentes das atuais (o que não deixa de ter interesse intrínseco).

De facto, a museologia que se preocupa especificamente com questões climáticas é relativamente recente, se bem que a temática do clima esteja, de há muito, presente em muitas exposições, em muitos museus e em muitos centros interpretativos (e.g. é impossível musealizar a Idade Média, de forma consistente e com profundidade de análise, sem referir – ainda que brevemente – as mudanças climáticas que contribuíam para fenómenos de profunda mudança nas técnicas agrícolas, no regime demográfico, na expansão da ocupação dos solos, entre outras; o mesmo se poderia dizer para outras épocas, a contemporânea por maioria de razão).

Estas instituições museais podem ser visitadas por “turistas climáticos” numa óptica de interpretação diacrónica dos fenómenos climáticos, observáveis, documentáveis e musealizáveis de há muito. As preocupações actuais – porque, “subitamente”, reconhecemos que somos factor de alterações como jamais se havia constatado – sendo diferentes das de antanho (em termos de musealização) não deixam de colher, mesmo de discursos museológicos e museográficos mais antigos, informações fundamentais. Tal exige, no entanto, uma visita crítica, com um ponto de observação próprio.

Há em Portugal sobejos exemplos de museus em que esta óptica pode ser adoptada; ultrapassadas as fronteiras nacionais, tal mantém-se absoluta verdade, com os exemplos a multiplicarem-se significativamente. Neste contexto, esta formação pretende ser uma oferta da Universidade Aberta no sentido de dar a compreender o fenómeno da museologia climática, quer aquela propositadamente realizada para esse fim, quer a que pode ser interpretada dessa maneira. Tal compreensão permitirá aos agentes turísticos, aos especialistas, aos curiosos/autodidactas e ao público em geral, incluir de forma coerente visitas a exposições / museus na perspectiva da história do clima, observável numa longa – ou muito longa – diacronia.

Paralelamente, as oscilações climáticas evidenciadas no tempo presente podem ser simultaneamente um elemento de perturbação do nosso modus Vivendi, mas também um elemento de oportunidade para a criação de negócios, fomentando uma espécie de empreendedorismo histórico e climático (v.g. turismo de vivências etnográficas ligadas às alterações da fauna e flora oceânica, estuarina e lagunar, ou a musealização/roteiro de percursos de montanhas em processo de erosão/de degelo).

Pretende-se, desta forma, cumprir a função da Universidade de aproximação da Academia à Sociedade, na fruição de recursos disponíveis e na análise e interpretação dos fenómenos contemporâneos que afectam, moldam e influenciam a nossa maneira de viver… e de compreender o nosso Mundo. Desse modo, esta microcredencial destina-se a quem lida com o turismo (Autarquias, Associações, Guias Turísticos, entre outros), a profissionais ou estudantes, mas também ao público em geral com interesse sobre as temáticas em causa.

Objetivos

  • Integrar a museologia que aborda questões climáticas e da história do clima em circuitos turísticos inovadores e apelativos, contribuindo para a sustentabilidade da oferta por via da sua inovação;
  • Permitir um conhecimento suficiente sobre o fenómeno da “museologia climática” – seja ela explícita ou implícita – tanto a profissionais da área do turismo e da museologia como a um público mais vasto, com interesse na temática;
  • Promover a participação ativa dos formandos na utilização dos recursos museológicos relacionados com o clima e a sua história, dentro do contexto de atividades de turismo cultural, promoção de destinos, aproveitamento de recursos disponíveis, definição de ofertas culturais para diversos sectores e segmentos do mercado turístico, com ênfase no turismo cultural.

Competências

  • Reconhecer as origens e o valor da museologia climática, compreendendo sua importância, especificamente no âmbito do turismo;
  • Desenvolver capacidades de explorar o potencial dos acervos museológicos relacionados com o clima e a história climática, como uma ferramenta para o turismo cultural;
  • Ser capaz de corretamente integrar a museologia na promoção de destinos e experiências turísticas do património climático;
  • Contribuir para a promoção e preservação de acervos museológicos relevantes na área da história do clima, reforçando a compreensão de seu papel cultural.

Destinatários

  1. Serão priorizados os candidatos provenientes dos parceiros da UAb, no âmbito do Projeto TIA – Tourism International Academy;
  2. Pessoas de qualquer área de formação técnica/científica que pretendam aprofundar o seu conhecimento nas áreas do Clima, História do Clima, Museus e Inovação em Turismo;
  3. Discentes com ensino secundário completo (12.º ano) e universitários;
  4. Profissionais que estejam direta ou indiretamente ligados a áreas do Turismo, ONG’S, Autarquias, Juntas de freguesia, Associações, entre outras.

Pré-requisitos para a Frequência do Curso

Este curso rege-se pelo Regulamento da oferta educativa da Universidade Aberta.

Podem candidatar-se a esta microcredencial:

a) Titulares que tenham obtido no mínimo o grau do ensino secundário (12.º ano de escolaridade) ou equivalente;

b) Titulares de residência fiscal em Portugal, durante a frequência da formação.

Critérios de Admissão

  • 1º Ter submetido candidatura completa
  • 2º Ordem cronológica do registo da candidatura

Estrutura Curricular

Módulo 1 – Ambientação ao contexto do e-learning

Competências:

  • Familiarizar os formandos na utilização da plataforma e recursos disponibilizados.

Módulo 2 – Para uma museologia do clima

Competências:

  • Os formandos reconhecerão a presença de alusões/referências climáticas em vários tipos de exposições museológicas, mesmo onde não se “suspeitaria” da sua existência. Usar-se-ão exemplos muito diversos de museus onde a história do clima está presente, de forma explícita e implícita, sendo o conceito e as referências ao clima fundamentais para a compreensão de outros conteúdos museológicos. Aprenderão a usar essas referências numa interpretação “climática” das exposições.

Módulo 3 – Turismo cultural e turismo climático: o uso dos museus

Competências:

  • Os formandos aprenderão a integrar museus e exposições – dos mais variados tipos – em roteiros turísticos relacionados com o clima e a história do clima, compreendendo o processo de “patrimonialização” dessa temática. Exercitarão a promoção turística de destinos que incluam museus, empregues para refletir sobre o clima e a sua história.

Módulo 4 – Avaliação

Competências:

  • Os formandos serão chamados a demonstrar que adquiriam as competências e os conhecimentos específicos definidos para o Curso.

Avaliação e Classificação Final

A classificação final resulta, como tal, da avaliação dos seguintes elementos e critérios:

  • Presença e participação nas atividades propostas – 30%;
  • Trabalho final – 70%.

Assim, a avaliação final do módulo é atribuída pela média simples numa escala de 0 a 10 valores. A classificação final do curso traduz a média da avaliação obtida nos módulos, expressa na escala de 0 a 20 valores. A conclusão da formação com aproveitamento está sujeita à obtenção de uma nota final igual ou superior a 9,5 valores.