Turismo e Alteridade: Os lugares do outro

Lugares de memória (lieux de mémoire) é um conceito desenvolvido pelo historiador francês Pierre Nora para descrever locais, objetos, símbolos, ou práticas que desempenham um papel central na construção e preservação da memória coletiva de uma sociedade. Esses lugares podem ser como espaços físicos ou simbólicos, onde a memória de um evento, grupo ou identidade é cristalizada.

Partindo desta definição, podemos entender como lugares de memória da alteridade ou do Outro os espaços físicos ou simbólicos que preservam, representam ou evocam a memória de grupos, culturas ou indivíduos que foram historicamente considerados como “o Outro” – ou seja, aqueles que foram/são percebidos como diferentes, marginais ou externos em relação à identidade dominante de uma sociedade. Estes lugares “narram” experiências de exclusão, confronto, resistência ou convivência entre diferentes identidades culturais, religiosas, étnicas ou sociais. Esta microcredencial visa explorar a relação entre identidade e alteridade, abordando como a relação com o “Outro” influencia a construção de narrativas históricas e culturais e pode potenciar a criação de produtos turísticos que preservam a memória do Outro.

A presente microcredencial tem como principal objetivo dotar o estudante de competências que permitam aprofundar a história nacional e local, por forma a melhor compreender o potencial turístico dos chamados lugares de memória do Outro.
Antecedida por um módulo de ambientação ao e-learning, a componente letiva divide-se em três módulos complementares e sequenciais: um primeiro, de teor eminentemente teórico, que visa fornecer aos formandos ferramentas teórico-conceptuais para a compreensão da relação iidentidade-alteridade; um segundo módulo visa apresentar exemplos concretos de mecanismos e dinâmicas de confronto numa perspetiva histórica; um terceiro e último módulo apresentará exemplos de “lugares do Outro”, evidenciando o potencial turístico destes lugares de memória (do Outro) e a sua importância para a formação de uma cidadania inclusiva.

FRANCO, José Eduardo (Dir.) (2018). Dicionário dos Antis: A Cultura Portuguesa em Negativo. 2. Vols. Lisboa: INCM;
MATOS, Sérgio Campos, JOÃO Maria Isabel (coord.) (2012). Historiografia e memórias. Lisboa: Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais da Universidade Aberta;
RICOEUR, Paul (2007). A memória, a história, o esquecimento. Trad. de Alain François. Campinas: Unicamp;
SILVA, Cristiana Lucas (2021). Imaginar o Estrangeiro em Portugal: Ideias, Esterótipos e Mitos. Lisboa: Theya Editores.

MÓDULO DE AMBIENTAÇÃO

1. Apresentação do curso
2. Ambientação online

MÓDULO 1 | IDENTIDADE E ALTERIDADE: CONCEITOS, TEMAS E PROBLEMAS

1. A retórica da alteridade
2. Identidade e diferença: O estrangeiro
3. Memória, história, esquecimento

MÓDULO 2 | O OUTRO NA HISTÓRIA DE PORTUGAL: REPRESENTAÇÕES, MECANISMOS E DINÂMICAS DE CONFRONTO

1. Representações do estrangeiro exógeno na cultura portuguesa
2. Representações do estrangeiro endógeno na cultura portuguesa
3. Aplicação do mecanismo do bode expiatório

MÓDULO 3 | “LUGARES DO OUTRO” COMO DESTINOS TURÍSTICOS EM PORTUGAL

1. Lugares de memória
2. Lugares de memória do Outro

ELABORAÇÃO DO TRABALHO FINAL

1. Elaboração, apresentação e discussão do trabalho final

A classificação final resulta, como tal, da avaliação dos seguintes elementos e critérios:

• Presença e participação nas atividades propostas – 30%

• Trabalho final – 70%

Assim, a avaliação final do módulo é atribuída pela média simples numa escala de 0 a 10 valores. A classificação final do curso traduz a média da avaliação obtida nos módulos, expressa na escala de 0 a 20 valores. A conclusão da formação com aproveitamento está sujeita à obtenção de uma nota final igual ou superior a 9,5 valores.